quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Babel

As ciências sociais surgiram, dividiram-se, e consolidaram-se no seu quinhão de especialização de um olhar, de uma aproximação metodológica e de uma familiaridade próxima com alguns objectos de eleição. Esse trabalho de anos e que envolveu investigadores, professores e alunos na sua divulgação incessante, contirbuiu de sobremaneira para o engrandecimento institucional e público da Psicologia, Sociologia, Geografia, da História, da Economia, Demografia ou da Ciência Política. Assim, objectivados na linguagem, cultivamos os termos de psicológico, sociológico, geográfico, político and so on... A realidade é abstraída, segundo as perspectivas e as finalidades que lhe estão subjacentes. Todas procuram compreende-la, explicá-la. Neste trabalho continuado, a realidade termina dividida. Cria-se a interdisciplinaridade, distribuem-se tarefas pelas diferentes disciplinas. A complexidade progressiva do aprofundamento técnico das metodologias de cada uma impede o voo largo de um olhar abrangente, um olhar sábio e integrador de todas as perspectivas, o olhar omnipresente e multidisciplinar que tudo sabe. O que fica de comum a isto tudo, o que lhe pode servir de substrato, o que é afinal esta realidade primeira, una, mas por conveniência divisível? Todas as ciências procuram estudar as interacções entre os organismos e o meio, que aquelas têm por função organizar e transformar. Às diferentes naturezas das interacções e aos seus diferentes formatos, mal ou bem, implícita ou explicitamente, denominamos por ora de cultura. Cultura, uma palavra polissémica, porém...

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