segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Correcção do 2º teste formativo

Grupo I

  1. D
  2. C
  3. D
  4. B
  5. B
  6. B
  7. C
  8. C
  9. C
  10. A
  11. A
  12. B

Grupo II

  1. Acerca da socialização (pág. 97-102 do manual escolar)

Importa referir que a integração social é uma consequência da socialização e que esta consiste num trabalho de constante ajustamento dos indivíduos aos grupos colectivos de que eles vão fazendo parte. Para tal o indivíduo necessita de um processo contínuo de aprendizagem, ou seja, precisa dos outros, muitas vezes ensaiando comportamentos e errando nesses mesmos comportamentos relativamente ao que é esperado pelos outros – normas sociais.
Esse processo inicia-se desde muito cedo, quando a criança é ensinada e corrigida constantemente pelos seus entes mais próximos, na aquisição dos valores e das normas do seu grupo mais restrito – os familiares – e, depois, também na escola e no seu grupo de pares. A criança aprende a agir correctamente no seio do grupo, aprende a andar e aprende igualmente a linguagem. Tudo isto releva de aspectos culturais.
No entanto, a socialização não se faz apenas através de mecanismos de aprendizagem, ela comporta também acções por imitação e por identificação. A partir de referências – próximas ou longínquas -, o indivíduo vai modelando os seus gestos, os seus valores e as formas de agir a partir de exemplos que ele considera ser significativos, ou que o seu grupo considera serem significativos. Essas referências constituem-se como modelos a seguir.
É através dos processos de socialização que o indivíduo se torna uma pessoa, isto é, que ele se torna também um ser que transporta consigo valores morais, que se comporta convenientemente nos diferentes espaços sociais habitados pelo grupo e que também começa a desenvolver competências de saber fazer as coisas. Assim, ele adquire os padrões de cultura do seu grupo e torna-se um elemento integrante do mesmo, respeitado enquanto tal. Se o indivíduo não se ajusta aos padrões culturais do seu grupo é discriminado pelo mesmo, ou considerado um ser “anormal”.
Convém também referir que um indivíduo nunca é completamente passivo a sofrer os processos de socialização, pois ele não se comporta normalmente como um autómato, que apenas segue as regras de conduta estipuladas. Isso significaria que ele seria uma máquina programada culturalmente. O indivíduo é, assim, um ser activo com o qual os outros também vão aprendendo e imitando, ou seja, o indivíduo é um ser criativo. A socialização pode, pois, ser vista como uma ferramenta para nos orientarmos no mundo e envolve uma relação social recíproca: existe aculturação do indivíduo, mas o indivíduo também se desloca entre socializações por vezes contraditórias, isto é, entre vários grupos, sobretudo a partir da adolescência, onde a proximidade da referência dos familiares se torna mais relaxada. As diferentes fontes de socialização permitem uma certa liberdade - claro que se trata de uma liberdade condicionada, pois existem regras a seguir, que não podem ser ignoradas – aos indivíduos.
Importa referir ainda que a socialização não significa somente o processo de integração, o qual pode ser visto de uma forma um pouco negativa, mas ela também dá conta do aspecto positivo que é a possiblidade dos indivíduos partilharem num colectivo ideias, valores e terem acções em comum.

3. Ver em especial a página 102 do manual e o texto de Peter Worsley.
     É necessário explicitar o que se entende por normas e por valores.
     É conveniente dar exemplos.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Objectivos para a segunda prova de avaliação

- Definir teoria.
- Explicar os riscos em que o sociólogo pode incorrer ao partir para uma investigação sem um forte conhecimento teórico da realidade social.
- Distinguir entre problema social e problema sociológico.
- Explicar de que modo a ideologia pode constituir um obstáculo epistemológico.
- Referir alguns dos pressupostos éticos que devem ser observados numa pesquisa sociológica.
- Apresentar os diferentes métodos de investigação sociológica.
- Enumerar as vantagens das diferentes estratégias de investigação.
- Enumerar os inconvenientes das diferentes estratégias de investigação.
- Apresentar as diferentes fases da investigação.
- Identificar os diferentes tipos de observação.
- Apresentar as diferentes técnicas de pesquisa sociológica.
- Apresentar os diferentes tipos de entrevistas.
- Construir um questionário.
- Enumerar as vantagens das histórias de vida.
- Enumerar os inconvenientes das histórias de vida.
- Distinguir entre universo e amostra.
- Conhecer os principais processos de amostragem.
- Saber conduzir uma estratégia de investigação.
- Dar exemplos de temáticas referentes a novos campos de investigação.
- Distinguir os elementos da cultura.
- Apresentar a cultura como um fenómeno dinâmico: processo de aculturação.
- Distinguir costumes de maneiras de agir.
- Explicar em que consiste uma subcultura.
- Dar uma noção de padrões de cultura.
- Apresentar exemplos de padrões de cultura.
- Explicar em que consiste a socialização.
- Relacionar os processos de socialização com os mecanismos de cooperação social.
- Distinguir adaptação de ajustamento comportamental.
- Enumerar os principais agentes de socialização.
- Apresentar as diferentes etapas da socialização.
- Explicar em que consistem as representações sociais.
- Distinguir símbolo de estigma.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Ainda o relatório da aula 27, por uma outra aluna

No dia 16 de Novembro de 2010, a Doutora Catarina Delaunay veio à nossa aula falar sobre as contradições e tensões em torno da procriação medicamente assistida como objecto sociológico. 
Apresentou-nos os procedimentos da pesquisa sociológica que consistiam na construção de um objecto de estudo a partir da definição de um tema, a elaboração de um levantamento bibliográfico, a construção de uma pergunta de partida e de um conjunto de hipóteses, a selecção criteriosa dos métodos e técnicas do percurso e a recolha de dados empíricos no terreno. Descreveu-nos o processo dinâmico como um processo de avanços e recuos e de inter-relação entre a teoria e a empiria.
Posteriormente incidiu sobre o tema do seu projecto de pós-doutoramento “A procriação Medicamente Assistida (PMA), enquadrando a sua pesquisa na área da Sociologia da Saúde e da Medicina e da Sociologia da Ciência e Tecnologia. Delimitou o objecto empírico nas controvérsias publicas, as tensões, constrangimentos pessoais relativamente à fecundação heteróloga na sociedade portuguesa. Realizou uma ligação entre a teoria e a prática ao enquadrar o tema jurídico-legalmente e analisou os dados sócio-históricos observando a evolução dos debates públicos televisivos e particulares. Justificou o interesse sociológico do tema na percepção dos novos valores sociais face á reprodução humana, na análise de novas esferas privadas de intervenção estatal e devido ao facto de a infertilidade ser considerado um problema de saúde pública.

Lígia Pimenta, 12º F

Relatório da aula 27, por outra aluna

A doutura Catarina apresentou o seu estudo em que falava : das controversias e tensões em torno da procriação medicamente assistida como objecto sociologico .
Falou dos :
Projectos de pesquisa sociologia ou predecentes :
·                     contrução do objecto
·                     elebaroação de um levantamento bibliográfico
·                     construção de uma questão de partida e de um corpo de hipoteses
·                     selecção aleatoria dos metodos e tecnicas de pesquisa

A construção do objecto :
·                     definição de um tema preciso delimitado
·                     imaginação sociologica
·                     tranformação do problema social num problema sociologico
definicao dos conceitos

Projecto pós douturamento :
·                     tema - procriação medicamente assistida
·                     quadro teorico e conceptual - sociologia da saude e da medicina
·                     delimitação do objecto empirico - controversias publicas , as tensões e os constragimentos pessoais relativamente a fecundação
·                     dados socios historicos - enquadramento juridico-legal , evolução dos debates publicos televisivos e parlamentares

Escolha do tema - justificação do interesse sociologico :
·                     compreensão de novos valores sociais face à reprodução assistida
·                     normas juridicas
·                     contributos da bioetica e do biodireito
                                                                                                                                   Cristina Bento, 12º F

Relatório da aula 27, por uma aluna


No dia 16 de Novembro, terça-feira, recebemos a visita da Doutora Catarina Delaunay, que nos veio apresentar a sua investigação sociológica acerca da procriação medicamente assistida (PMA). Para realizar esta investigação, foi essencial a teoria na sociologia da saúde e medicina e na sociologia da ciência e tecnologia. As delimitações do objecto empírico são: as controvérsias públicas, as tensões e os constrangimentos pessoais relativamente à fecundação tecnológica. A investigadora justificou a escolha deste tema dizendo que considera importante a compreensão dos novos valores sociais face à reprodução humana e o facto de a infertilidade já ser considerada um problema de saúde pública. Outros estudos sobre este objecto sociológico já foram realizados. Por exemplo: as normas judiciais e a construção social da infertilidade. A investigadora explicou-nos que, na PMA, a mulher é sujeita a maior pressão devido aos inúmeros tratamentos que tem de realizar. A imagem do homem, em relação a este tema, é mais passiva. Em Portugal, no ano de 2009, havia entre 100 a 150 mil casais inférteis. O Estado comparticipa em cerca de 67% dos tratamentos. Os tratamentos custam 4 mil euros por ciclo (tentativa) e os medicamentos 800 euros. Por ano, nascem apenas 1000 crianças segundo a utilização da PMA, o que é uma minoria, se considerarmos o número de casos existentes. Em relação aos dadores de esperma, a doação é grátis e anónima, não podendo ser paga. Em Portugal, não existem bancos de esperma, portanto, tem de ser importado, nomeadamente, de Espanha e dos países escandinavos. Uma das técnicas da PMA é a barriga de aluguer. Como em Portugal é ilegal, quem quiser utilizar esta técnica terá de se deslocar a outros países, como por exemplo, a Índia, a Ucrânia, alguns estados da América do Norte, etc. A PMA leva-nos a reflectir sobre os princípios e valores. A fecundação irá trazer questões como: Qual o grau de parentesco do dador? ; A criança tem o direito de saber a sua origem? ; Quando querem casar, como saberão que não irão casar com irmão ou irmã? ; O dador não tem qualquer direito sobre a criança?.

Na minha opinião, a vinda da investigadora foi muito útil, uma vez que, a infertilidade não é um tema muito conhecido na nossa sociedade. Fiquei a saber, como já referi, que em Portugal não existem bancos de esperma. Também serviu para nos alertar quanto a este problema, cada vez mais comum. 

Ana Marta 12ºF nº2

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Corpo e significado na emergência das culturas

Como é que nós percepcionamos o mundo, aquilo que se passa em nosso redor? A teoria behavioristo-comportamental afirma a teoria explicativa do arco-reflexo, isto é, a reacção involuntária do nosso corpo aos estímulos exteriores enquanto adaptação de nós próprios ao ambiente que nos envolve. Esta explicação simplista, mas poderosa e fiável para o senso comum, opôs-se durante muito tempo, depois compôs-se com as teorias culturalistas que reforçam o papel da aprendizagem nas formas de lidarmos com o mundo e com as diferentes situações em que estamos envolvidos. De certo modo, torna-se difícil concebermos outras formas de percepcionarmos o mundo sem ser pelas impressões que os estímulos externos produzem a partir dos nossos sentidos. A informação que provém destes chega ao cérebro e é processada neste, sendo depois enviada  por canais nervosos para os restantes órgãos motores do nosso corpo. Depois da percepção, vem a acção. Aquela é passiva por assim dizer, esta é activa. 
E no entanto, recentes controvérsias, baseadas em investigações produzidas nas denominadas ciências cognitivas, têm reactivado um debate que podemos remontar aos idos de 1896, quando John Dewey, filósofo pragmatista norte-americano, escreveu uma virulenta crítica ao behaviorismo nascente na psicologia americana. A partir do seu conceito de experiência, Dewey contesta a ausência de mediações no esquema explicativo behaviorista do arco reflexo. Essas mediações são as nossas capacidades aprendidas, através da nossa experiência activa no mundo, as quais radicam no nosso próprio corpo. Sim, o corpo também aprende, não é o nosso cérebro. E é verdade que ainda estamos longe de reconhecer as capacidades de aprendizagem do corpo. Podemos chamar de sexto sentido a essas percepções que detemos, quando não nos é evidente a sua origem nos outros cinco sentidos que conhecemos: visões que possuímos sem ver, vibrações que possuímos sem tocar, vozes que nos chegam sem ouvir. Neste sentido, a operação de percepção torna-se mais complexa do que poderíamos supor à partida. E é claro que esta aprendizagem do corpo requer uma aprendizagem complementar no domínio socio-cultural, o qual nos fornece os significados dessa experiência que se incrusta no organismo. Sem a mesma, essa experiência do corpo seria vã. Por isso corpo e significado, organismo e cultura associam-se inextricavelmente nas percepções que temos, nos julgamentos que formamos, tal como nas aprendizagens que fazemos.
Assim, como nos podemos reportar a uma pretensa cultura juvenil, a uma cultura cigana, sem termos em conta as capacidades de que os jovens e os ciganos dão a mostrar na apresentação e no modo como se fazem movimentar no mundo? Os movimentos largos e expansivos dos jovens e dos ciganos apresentam indícios fortes de insubmissão e de resistência aos códigos de conduta de discrição das sociedades urbanizadas. Nelas, os mesmos podem ser difíceis de ajustar. Poderá fazer-se seguindo o método de uma  (re)programação do corpo? Isso seria recair uma espécie de behaviorismo. Poderá fazer-se tentando uma alteração das disposições das pessoas? Tal seria recair igualmente numa visão culturalista que dá primazia explicativa aos diferentes temperamentos das pessoas. Não, a nossa aposta recai nas condições de uma experiência renovada destas. Uma experiência decorrente da atribuição de novos significados, mas igualmente de novas capacidades afectas ao organismo. Em suma, em novas formas de explorar e dar sentido ao mundo que nos rodeia, de uma forma eminentemente activa.

domingo, 14 de novembro de 2010

Relatório da aula 26, por uma aluna

«Durante a aula do dia 12 de Novembro de 2010, a turma 12º F assistiu a uma apresentação feita pela Dra. Cristina Cotovio, investigadora em Sociologia mas formada em Antropologia, sendo especialista em técnicas desta mesma área (entrevistas e observação participante).
Inicialmente começou por falar sobre a sua experiência profissional mas rapidamente se direccionou para o tema principal: “investigação de terreno em Ciências Sociais”. Principiou a apresentação por referir que quer a experiência etnográfica, quer as entrevistas requerem uma interacção social, sendo que o investigador se torna parte da investigação.
Deu seguimento distinguindo dois tipos de pesquisa: a pesquisa qualitativa e a pesquisa quantitativa. Segundo a Dra. estas são técnicas completamente diferentes não só a nível de recolha de informação, como também a nível da orientação e análise da mesma.
A primeira é um tipo de pesquisa indutivo, visto que partindo-se de indícios se vai construindo uma problemática, um modelo de hipótese. Existem dois tipos de técnicas de pesquisa qualitativa: a observação participante ou etnografia e a entrevista em profundidade ou não estruturada. Ambas são um exemplo de um método que não segue uma linha de fase, isto é, há avanços e recuos, tornando-se mais incerta.
Quanto a análise, seguindo a pesquisa qualitativa, esta é considerada mais complexa, dado que requer um tratamento mais aprofundado, na medida em que construímos as categorias a partir do que os actores sociais nos transmitem. Nas palavras da Dra Cristina “dependem da apreciação das perspectivas, culturas e «visões do mundo» dos envolvidos”. É necessário que o investigador se envolva com o grupo, obtendo a sua confiança e uma “visão de dentro” da situação, sendo o mais indicado para o estudo de processos sociais. Foi ainda mencionado a importância do tratamento das hipóteses, tendo que ser feita com base em critérios específicos: colocar os mesmos tópicos a toda a informação e explorar pormenores idênticos. Para finalizar o discurso sobre a pesquisa qualitativa, a Dra. deu um exemplo de um estudo feito através deste método: como é que as crianças são tratadas nas escolas.
Em relação ao segundo tipo de pesquisa – a pesquisa quantitativa – parte-se de hipóteses fechadas, isto é, pressupõem-se números ou intervalos que possam ser submetidos à manipulação estatística. E para exemplificar, a Dra. apresentou o seguinte estudo: o modo como as condições económicas e sociais influenciam os resultados escolares obtidos.
Em seguida, foram referidos os métodos etnográficos que, para além de terem de ser utilizados em diferentes momentos do tempo e em diversos grupos de pessoas, requerem um envolvimento, uma atitude imparcial e ainda uma adaptação ao grupo em estudo por parte do investigador, sendo testada não só a sua competência técnica como também as suas capacidades e qualidades pessoais. Existem quatro aspectos fundamentais numa observação participante: o observador, os fenómenos observados, a informação pretendida e o papel do observador, sendo considerado bastante importante na produção do diário de campo.
Para terminar a sua apresentação mencionou alguns aspectos importantes a ter em conta durante uma investigação: temos de ter cuidado com a impressão que podemos causar aos actores sociais; durante a observação participante temos de atender ao que é ou não importante registar; e as notas tomadas no momento, as notas de memória e as entrevistas registadas são dados que depois de recolhidos, serão rigorosamente analisados, sendo importante a não acumulação de informação.
Após a sua apresentação, a Dra Cristina prestou auxílio aos alunos da turma que lhe expuseram o seu tema e os métodos de investigação a utilizar de uma pequena investigação, solicitada pelo professor Pedro Caetano, que irão realizar ao longo do 1º período do ano lectivo 2010/2011».
 
Maria Soeiro, 12º F

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Music of the highland region of Western New Guinea (Irian Jaya) - Os Eipo (pigmeus) a realizarem a dança sagrada "kata"

Sistemas de cultura no masculino e no feminino

Em 1935, Margaret Mead, antropóloga americana, publicava o livro Sexo e Temperamento em Três Sociedades Primitivas
Nesse livro, produto das suas investigações realizadas na Nova Guiné nos inícios dos anos 30, Mead procurava responder à questão que se tornou o fio condutor da sua observação: até que ponto as diferenças de temperamento entre os sexos eram culturalmente determinadas, relativamente às características herdadas geneticamente?
Mead descobriu diferentes padrões de comportamento masculino e feminino em cada uma das três culturas que estudou, todas elas, por sua vez, diferentes das assignações de comportamento esperadas e atribuídas aos dois sexos na sua sociedade de origem - a sociedade norte-americana dos anos 30. 
Assim, entre os Arapesh, o temperamento tanto masculino como feminino era igualmente gentil, receptivo e cooperativo. Entre os Mundugumor, tanto os homens como as mulheres eram violentos e agressivos, desejando activamente relações de poder e competindo por posições sociais que permitem-se dominar essas relações. Por último, os Tchambuli, diferiam completamente dos outros dois povos. Nestes, os homens e ram mais passivos e emocionalmente dependentes relativamente às mulheres, as quais eram dominadoras, impessoais no tratamento e assumiam o controlo e a decisão dos mais diversos assuntos.
O trabalho de Mead, tal como podemos ainda perceber, foi alvo de muitas críticas, porém, constituiu um marco pioneiro nas investigações posteriores sobre as relações de género nas ciências sociais.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Relatório da aula nº 21 - a qual contou com uma investigadora convidada -, por uma aluna

A aula de Sociologia contou desta vez com uma investigadora convidada - uma aula especial, e por isso há muito tempo desejada! -, a qual muito gentilmente acedeu em vir à escola explicar aos alunos as diversas fases de uma investigação concretizada por uma equipa da qual a investigadora fazia parte. A referência da sua exposição é a seguinte:

Sampaio, Leonor (2006) «Das Representações sobre Comportamentos de Risco à sua Prática e Consequências», in José Manuel Resende (coord.) O Lugar da Doença, do Corpo e do Sofrimento na Representação de Formas Identitárias de Doentes com VIH/SIDA, estudo financiado pela CNLCS. Lisboa: FCSH-UNL, pp. 1-163.

Aqui fica também o relatório da Marta:

«No dia 2 de Novembro de 2010, a Doutora Leonor Sampaio, disponibilizou-se para vir materializar uma matéria abordada na aula: a investigação sociológica. A Doutora mostrou-nos um powerpoint com uma investigação realizada por ela e pelo seu respectivo grupo da Universidade Nova de Lisboa. O tema da investigação era o número de casos infectados com HIV, mas o que interessava não era o número em si, era o porquê de estas não estarem registadas, colocando assim duas hipóteses: a de saberem, mas não quererem enfrentar essa realidade, ou então, por não terem conhecimento, por nunca terem realizado o teste. No início da investigação, apesar de lhes ser facultado financiamento [da Comissão Nacional de Luta contra a SIDA], depararam-se com o entrave de não conseguirem chegar a essas pessoas, por não estarem registadas e eles não conseguirem saber quem são as pessoas infectadas, ou então, por estas, se calhar, não quererem falar. Por isso, optaram por recolher uma amostra de 600 pessoas, 300 na FCSH e 300 na Faculdade de Medicina da UNL,mas estas pessoas foram quase escolhidas aleatoriamente, pois não foram seleccionadas, foi apenas distribuído um inquérito às pessoas que o grupo encontrava na esplanada, anfiteatro ou a passar pelos corredores. Mas, antes de inquirir estes alunos, realizou-se uma exploração em revistas, jornais, leituras estatísticas, entrevistas e observações directas para descobrir o que estava subjacente ao facto de estas pessoas não estarem registadas. Para se entrevistar estas pessoas teve de haver um treino para os entrevistadores, pois estes têm de ter uma postura diferente, de acordo com o entrevistado, e em temas como o do HIV tem de se estar preparado psicologicamente para o que se vai ver e ouvir. Depois de serem recolhidos os inquéritos, as 600 pessoas (eram alunos por serem a faixa etária mais aberta, disponível e sincera), realizaram-se estatísticas (tabelas) para relacionar os vários conceitos (variáveis), como por exemplo, o sexo e o facto de se saber que se está infectado. No inquérito, menos de 40 pessoas assumiram estar infectadas com o vírus. Destes inquéritos, foram extraídas as conclusões, mas este estudo não pode ser generalizado, porque, como foi acima mencionado, as pessoas não foram escolhidas aleatoriamente (ou seja, não tiveram as mesmas probabilidades de serem escolhidas).

Na minha opinião, foi uma apresentação bastante clara e esclarecedora. Foi bastante importante ser-nos mostrada uma investigação realizada, em vez de darmos apenas teoria».

Marta Carvalho
12º F

sábado, 6 de novembro de 2010

Metodologia das histórias de vida

Os fundamentos teóricos do método biográfico (sempre seguindo a proposta de Françoise Digneffe em Albarello et al (2005):

- considerar os sujeitos das histórias de vida como «actores sociais», isto é, os sujeitos não são seres passivos aos quais a realidade social se lhes impõe coerciva e de modo determinista, sendo apenas indivíduos que se comportam socialmente adoptando esquemas de estímulo-reacção;
- «trata-se de captar as vivências sociais, o sujeito nas suas práticas, na maneira como negoceia as condições sociais que lhe são particulares» (p. 206).
- não se trata de considerar a vida daqueles que enfrentam problemas de um ponto de vista moral, como "heróis" ou como "coitadinhos", admirando o seu labor ou tendo pena daquilo que sofreram, de olhar uma vida traçada à partida de consequências irreversíveis; mas sim, de analisar a realidade de quem enfrentou situações e teve de fazer escolhas, sem juízos de valor por parte do investigador, tentando discernir as actividades daqueles que levam a sua existência quotidiana nas suas práticas, nas suas expectativas, em síntese, na relação prática que estes estabelecem com a realidade;
- «é necessário deixar que cada um relate como vive na sua especificidade esse problema e como exprime o geral através do particular» (212).

O método biográfico permite, desta forma:
- «compreender de que modo a conduta é continuamente remodelada, de modo a ter em conta as expectativas dos outros» (208);
- «captar o que escapa às estatísticas, às regularidades objectivas dominantes, aos determinismos macrosociológicos» (209);
- «reconhecer um valor sociológico no saber individual» (210); as regras de experiência dos actores sociais.

Para a constituição da amostra devem-se respeitar a regra de ontemplar relatos o mais diversificados possíveis, para compreender vários tipos de trajectórias sociais.

A entrevista é a técnica biográfica por excelência (mas não única), privilegiando-se os modos de intervenção não directivos e semi-directivos. Numa entrevista de história de vida, o relato afasta-se de uma descrição ou de uma inquirição para assumir os contornos de uma narração, muitas das vezes, aquando do acto de narrar, com efeitos surpreendentes para o próprio narrador, o qual se confronta auto-reflexivamente com o seu próprio relato de forma inovadora. Assim:
- é desejável que a pessoa que é entrevistada «seja agarrado pelo desejo de contar e que seja ele a apropriar-se da condução da entrevista» (216);
- «a pessoa entrevistada conduz o seu próprio relato, sabe do que fala, e o investigador está lá para escutar, aprender e, se necessário, recordar o tema de conversa que foi acordado» (216);
- a entrevista deve decorrer de modo amigável e no local a designar pelo próprio entrevistado.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A Entrevista é mais uma arte do que uma técnica

«A entrevista apresenta um tipo de comunicação bastante particular. É suscitada e pretendida, por um lado, e mais ou menos aceite ou sofrida, por outro. Possui uma finalidade precisa e põe em presença indivíduos que, em geral, não se conhecem. Baseia-se na ideia segundo a qual para saber o que pensam as pessoas basta perguntar-lhes (...) A entrevista é geralmente concebida quer sob um aspecto puramente técnico, como meio de obter informações, quer sob um aspecto banal ou jornalístico, como habilidade para fazer falar uma personalidade. Ora a entrevista, mesmo a mais superficial, é infinitamente complexa. Existe, indiubitavelmente, uma técnica de entrevista, mas, mais do que uma técnica, é uma arte. É por isso que não poderíamos definir a entrevista afirmando tratar-se simplesmente de um meio pelo qual X, inquiridor, irá obter informações de Y, inquirido. A entrevista constitui um processo de interacções entre X e Y e, se as informações vão de Y para X, o valor da comunicação, por sua vez, dependerá tanto, se não mais, de X como de Y»

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Comentário de uma aluna - Ainda a propósito das novas do doc: DOCUMENTÁRIO ”Le Bateau en Carton”

O realizador José Vieira durante cerca de 2 anos filmou e conviveu com o povo Roma (ciganos romenos), que descobriu em França num acampamento á beira de uma auto-estrada perto de Paris. A ideia inicial do realizador era apenas captar imagens sobre bairros de lata nos arredores das cidades, pois segundo ele estava num período de reflexão e queria reavivar as suas memórias de infância (uma vez que ele mesmo já tinha vivido num bairro de lata enquanto criança.)
Quando entrou em contacto com este povo depressa percebeu que eles haviam saído da Roménia, sua terra natal em busca uma vida melhor em França para poderem sustentar os seus filhos e mulheres. Sendo que no seu país de origem e sustento obtido mensalmente são cerca de 4 euros.
O título deste filme ilustra o que era feito com os ciganos em questão durante a época do holocausto. Os mesmos eram postos em barcos de cartão no mar negro acabando por morrer por afogamento com o objectivo de a sua etnia ser exterminada. Desde o dia que acabou por se integrar no quotidiano destas pessoas, José Vieira apercebeu-se do quão são marginalizadas estas são por todo o mundo (tendo a fama de serem feios, porcos e maus).
O objectivo do realizador é mostrar ao mundo que estas são pessoas comuns mas às quais não lhes foi dada uma oportunidade para poderem estabilizar as suas vidas. Neste documentário pode-se verificar as condições desumanas em que esta comunidade vive o que se manifesta pela forma como tomam banho (despejando garrafas de água na rua uns por cima dos outros, uma vez que não existem casas de banho), tratam a roupa (em baldes ou alguidares e estendem-na ou nos campos ou nos ramos das arvores), cozinham (em fogueiras) e o facto de as crianças não frequentarem instituições de ensino ocupando o sei tempo a brincar na rua.
Pessoalmente o que mais me chocou e acho pertinente descrever é a forma como esta gente dorme. Fazem-no em barracões rudimentares feitos de restos de madeira e cobertos de plásticos e tapetes que encontram nos caixotes do lixo. É instalada posteriormente uma espécie de lareira que é feita por um bidão de metal onde é posto o carvão e feito um buraco no tecto que é uma espécie de chaminé composto por um tubo metálico para o fumo sair. Deitam-se sobre colchões no chão e em camas feitas de ripas de madeira. Relativamente á alimentação comem muito pão e enlatados, e sendo que o dinheiro mal chega para estes, raramente comem carne e quando o fazem cozinham-na na lareira. Vivem assim desta forma (quase) desumana, a respirar fumo e a passar frio no inverno.
Outro facto que considero chocante, é a forma animalesca como a polícia de intervenção os trata, praticamente como se fossem uns animais. Estão constantemente a ser expulsos dos acampamentos que encontram e as suas ditas casas estão constantemente a ser destruídas pelas máquinas que estes tanto temem, os bulldozers.

Durante as demolições das barracas esta gente demonstra um sofrimento abrupto pois destroem-lhes o pouco que têm. Reagindo cada um à sua maneira (uns gritam, outros cantam e alguns ainda se riem da própria miséria) mas conformarem-se e é com alguma naturalidade que procuram outro sitio para se instalarem.
Como é referido no documentário, os chefes de família raramente conseguem um trabalho e quando tal acontece acabam por fazê-lo em sítios ilegais e são muito mal pagos (o que não chega para sustentar as suas famílias uma vez que são constituídas por um vasto agregado familiar), o que leva a que a quase a totalidade desta comunidade sobreviva da mendicidade, desde homens a crianças todos têm que mendigar de forma a garantirem pelo menos o pão para o dia seguinte.
Postas as condições anteriormente mencionadas assumem estar melhor em França do que na Roménia pois dizem que em França acabam, por ter melhores condições de vida do que no seu próprio pais.
Este povo nómada passa literalmente a sua vida entre a Roménia, a França e outros países da Europa, como se pode constatar no documentário. Estes são expulsos, voltam à sua terra natal, (onde vivem completamente á parte da população romena não cigana) e passado alguns meses regressam novamente a França o que cria uma enorme instabilidade para as crianças e jovens.

Este documentário foi sem dúvida essencial para mostrar a toda a gente que os ciganos também são pessoas, apenas têm hábitos e valores muito diferentes dos nossos, o que muitas vezes origina problemas pois querem viver num país com melhores condições de vida mas não se mostram interessados em se integrar e respeitar as normas que se impõem a todas as pessoas, mas isso também não da o direito de o governo de um pais seja ele qual for de os maltratar.

Joana Carvalho nº14 12ºF