sábado, 11 de junho de 2011

Recordações da Conferência um Filósofo um sociólogo: balanço

O balanço da conferência foi bastante positivo. O ambiente da mesma caracterizou-se pelo respeito mútuo, a acessibilidade dos conferencistas, a vontade de participar e de intervir por todos quantos se deslocaram à biblioteca da escola daquela noite amena de Junho. Numa noite diferente em que todos regressámos a casa com uma sensação geral de boa disposição, tal qual aquela que se tem depois de termos visto um bom filme, um filme de que participámos activamente e que nos deixou mensagens e interpretações em aberto, para rememorar e descobrir. Numa noite em que o esforço intelectual se aliou ao convívio colaborativo. Nela se falou de crítica e de resignação. De mecanismos de reprodução social activados pela escola e do significado e da importância do trabalho de educar, do trabalho de formar novos educadores. Nela se falou também de justiça, de promessas não cumpridas, do que afinal significa isso de se ser capaz, bem como da experiência da temporalidade: desse tempo fugidio que percola. Estamos todos de parabéns!

Recordações da Conferência 1 sociólogo 1 filósofo: os trabalhos

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Critérios de correcção da prova 5 de Sociologia

Grupo I

  1. A
  2. C
  3. C
  4. C
  5. A
  6. B
  7. A
  8. B

9. Na justificação da escolha, na pergunta 2:
- se a resposta identificar que as instituições sociais são maneiras de proceder e de agir tipificadas com vista à socialização dos indivíduos no desempenho de vários papéis sociais, produzindo-se dessa forma uma reprodução das formas de agir e de pensar socialmente  (7,5 pontos); se a resposta contiver a ideia de que as instituições exercem o controlo social, propondo formas de proceder ideais ou práticas, mas não impositivas, sem violência, com vista à regulação dos comportamentos, estabelecendo limites socialmente aceitáveis à actuação dos indivíduos, isto é, propondo uma ordem social (7,5 pontos).

10. Na justificação da escolha, na pergunta 5:
- se a resposta mostrar a ordem social consensualmente proposta pela família  (7,5 pontos), dando um exemplo de socialização familiar de conformação a determinados valores ou comportamentos (7,5 pontos).

Grupo II

1.1.  Na resposta a esta questão, o aluno deverá ser capaz de:
- salientar as insuficiências de uma igualdade de oportunidades entre homens e mulheres devido a um socialização de género reprodutora de estereótipos (20 pontos); explicitar, recorrendo a ilustrações, de que modo a escola intervém, com fileiras escolares diferenciadas para a manutenção de uma ordem social do trabalho desfavorável para as mulheres, onde as profissões mais exigentes nas relações de cuidado com o outro adquirem um estatuto social mais baixo (20 pontos).

2.1. Na resposta a esta questão, o aluno deverá ser capaz de:
- caracterizar convenientemente a instituição escolar, explicitando as suas finalidades, estrutura e conjunto de valores a respeitar (15 pontos); identificar mudanças sociais a partir do jogo de interacções dos alunos entre si e entre estes com o professor, ou seja em alterações no padrão de comportamento dos actores sociais, sobretudo, no que concerne às relações de igualdade, autoridade e de respeito mútuo (15 pontos).

3.1. Na resposta a esta questão, o aluno deverá reflectir sobre as principais mudanças sociais surgidas na família portuguesa nos últimos 40 anos, particularmente a emancipação da mulher (10), a redefinição do estatuto da criança (10 pontos) e apontar as resistências que se colocam à eliminação da violência doméstica a partir das relações de interacção entre homem e mulher em situação de conjugalidade (10 pontos) e a partir do desempenho dos papéis familiares tradicionais (ex: dependência económica da mulher e da criança) (10 pontos).

domingo, 1 de maio de 2011

Relatório do filme "Voando sobre um ninho de cucos", pela Filipa Veiga

No âmbito da matéria dada em Sociologia, as instituições, vimos o filme “Voando sobre um ninho de cucos”.
Este filme trata de um homem, McMurphy, que para escapar á prisão devido a pequenos delitos que comete faz-se passar por maluco. Este consegue escapar à prisão mas é enviado para um asilo mental, convivendo com pacientes que têm problemas mentais, sendo observado diariamente por uma equipa profissional que tenta entender o seu comportamento de modo a perceber se este é de facto maluco como afirma.
A sua estadia neste asilo mental, altera a rotina dos pacientes com quem convive com as suas atitudes, pois vai tentando anima-los com apostas, jogos de cartas, ensinando basquetebol, levando-os à pesca etc. As enfermeiras fazem reuniões com os pacientes para que estes falem dos seus problemas, estas asseguram a ordem e cumprimento das regras do internato.
Este filme insere-se na matéria das instituições uma vez que uma instituição é:
Qualquer estrutura ou mecanismo de ordem social e de cooperação que governa o comportamento de um grupo de indivíduos numa dada comunidade.
Quando a classificação da instituição presente no filme é um serviço público, um hospital, em que se verifica o estabelecimento de normas socialmente aceites e o desenvolvimento de procedimentos comuns, necessários á satisfação das necessidades básicas dos pacientes, isto é, portanto um conjunto de indivíduos institucionalizados. Quem assegura o cumprimento das normas e dos costumes vigentes são as enfermeiras e os membros do hospital psiquiátrico.
O objectivo desta instituição é avaliar e tratar os seus pacientes de maneira adequada e garantir a normalidade dentro da instituição.
Para a compreensão das instituições é necessário ter em conta o papel que estas desempenham na ordem social, uma vez que levam os seus membros a ter um comportamento conformista em relação a modelos e valores previamente estabelecidos que garantem a ordem desta instituição. A ordem social é portanto, a existência de normas de comportamento, aceites pela generalidade das pessoas que estabelecem a ordem no quotidiano.
Na minha opinião este filme é bastante esclarecedor em relação á matéria que estamos a dar uma vez que nos da uma melhor percepção do que acontece dentro de uma instituição.



segunda-feira, 4 de abril de 2011

Conferência Nós, os Outros e os Ciganos - cartaz

domingo, 3 de abril de 2011

Critérios de correcção da quarta prova de avaliação

Grupo I

  1. C
  2. D
  3. D
  4. D
  5. B
  6. D
  7. A
  8. B
  9.  
  10. D
  11. D
  12. B

13. Na justificação da escolha, na pergunta 6:
- se a resposta identificar que as instituições sociais são maneiras de proceder e de agir tipificadas com vista à socialização dos indivíduos (10 pontos); se a resposta contiver a ideia de que as instituições exercem o controlo social, propondo formas de proceder ideais, mas não impositivas, com vista à regulação dos comportamentos, estabelecendo limites socialmente aceitáveis à actuação dos indivíduos (10 pontos).

14. Na justificação da escolha, na pergunta 11:
- se a resposta contiver a ideia que os novos estilos de vida não derivam da desestruturação ou da anomia sociais, mas são o resultado de amplas transformações sociais como a emancipação da mulher e o crescente processo de urbanização (10 pontos) e de novos valores sociais como a ideia de auto-realização, o que traduz a ideia de escolha (10 pontos).

Grupo II

1.1.  Na resposta a esta questão, o aluno deverá ser capaz de:
- identificar os estilos de vida com padrões de consumo e práticas sociais específicas (10 pontos); e que essas mesmas práticas e consumos têm efeitos sociais não esperados, registados como negativos e que poderão colocar em causa o ambiente do grupo ou ter efeitos nocivos individuais (10 pontos).

1.2. Na resposta a esta questão, o aluno deverá ser capaz de:
- apresentar um problema social (5 pontos), identificando um comportamento desviante (5 pontos);
- apresentar as causas desse comportamento desviante (10 pontos);
- referir as formas de controlo social destinadas a prevenir esse comportamento desviante (10 pontos).

2.1. Na resposta a esta questão, o aluno deverá referir a prudência ecológica (10 pontos) e a necessidade de actuar económica e socialmente no presente tendo em conta as gerações vindouras (10 pontos).
                                                                                                                                 
2.2. Na resposta a esta questão, o aluno deverá ser capaz de identificar os novos valores culturais que colocam em causa a racionalidade da pura acumulação de riqueza material, própria de uma sociedade consumista (10 pontos), bem como a emergência das demandas pelas actividades culturais, sociais e recreativas (10 pontos), ou a adopção de novos estilos de vida que enaltecem a preservação do ambiente social e ecológico (10 pontos).

quarta-feira, 30 de março de 2011

Riscos, Jovens e Estilos de Vida - Primeira parte: A cultura dos jovens graffiters, por Ana Marta e Filipa Veiga

A partir da obra Traços e Riscos de Vida. Uma Abordagem Qualitativa a Modos de Vida Juvenis, coordenada por José Machado Pais, deu-se início, na passada terça feira, dia 29 de Março, a apresentações de capítulos do livro pelos alunos de Sociologia do 12º F. 
A Ana Marta e a Filipa escolheram os jovens graffiters, o resultado de um trabalho de investigação realizado  por Filomena Marques, Rosa Almeida e Pedro Antunes. A apresentação foi um sucesso e, no final, a discussão foi bastante animada acerca das dinâmicas de pertença e de engrandecimento no mundo dos graffiters. Parabéns às duas! Ser reconhecido neste mundo implica mostrar qualidades de coragem, de rebeldia e de visibilidade independentes da qualidade artística valorizada pelos outros que não pertencem ao mundo dos graffiters. Apesar de tudo, estes, consideram-se artistas. Fenómeno sociológico urbano curioso. Fenómeno social paradoxal...


                                           

Entre achados e perdidos ... ou a doce serenidade da Mafalda

Promessas a cumprir...
                                    caminhos à espreita ...
o tempo a percolar...
                                   revisões e dúvidas quanto ao destino...

um auscultar intuitivo do ser completo...

                                  na resolução do inadiável.

                                  Eis a fórmula tipicamente humana de comunicar a justificação de existir

terça-feira, 22 de março de 2011

Políticas sociais de controlo social

Este vídeo mostra-nos claramente o desenvolvimento de uma política de controlo social fundamentada em argumentos anti-tabágicos. A regulamentação do acto de fumar, elaborada e feita implementar pelo Estado, o único poder legítimo para o fazer. Olavo de Carvalho insurge-se contra este conjunto de regulamentações sociais, bem como contra outro mecanismo de controlo social que é a pressão social dos outros cidadãos, aqueles que tossem quando um fumador puxa por um cigarro. O culminar desta política social é a socialização do fumador, a prevenção de riscos associados ao acto de fumar (activa ou passivamente) o qual adquire sentimentos de "culpa" por fumar, devido às campanhas de sensibilização (socialização) anti-tabágicas. No limite, o fumador age como um desviante, tal como Olavo de Carvalho promete fazer: continuar a fumar apesar das pressões sociais em sentido contrário. Daqui a algum tempo, o fumador poderá adquirir um estereótipo, bem como um preconceito: o de uma pessoa pouco instruída - não racional e não auto-controlada -, socialmente desvalorizada enquanto pessoa, apenas pelo seu comportamento de fumador.

domingo, 20 de março de 2011

Objectivos para a quarta prova de avaliação

- Dar uma noção de ordem social.
- Evidenciar que um certo consenso social é indispensável para a manutenção da ordem social.
- Reconhecer o objectivo da conformidade social como possível motivação para a orientação do comportamento dos indivíduos.
- Reconhecer os diversos graus de conformidade social requeridos pelas diferentes instituições sociais, no que concerne à conduta dos indivíduos.
- Explicar o que consiste num comportamento desviante.
- Distinguir entre comportamento desviante e simples reacção de transgressão da norma.
- Salientar a relatividade do comportamento desviante.
- Explicitar as teorias sociológicas do desvio.
- Reconhecer a anomia como um enfraquecimento das instituições e das normas a elas associadas.
- Exemplificar a contribuição do processo de rotulagem para a explicação do comportamento desviante.
- Dar uma noção de controlo social.
- Explicitar em que consistem os principais mecanismos de controlo social.
- Evidenciar a função de socialização nos grupos sociais primários como mecanismo privilegiado de controlo social.
- Relacionar a socialização por antecipação com grupos de referência.
- Salientar a função privilegiada de pressão social procurando um mínimo de solidariedade nos grupos sociais secundários.
- Reconhecer a eficácia das sanções negativas na manutenção da ordem pública.
- Reconhecer a eficácia das sanções positivas para a organização social.
- Dar uma noção de instituição social.
- Identificar os elementos das instituições sociais.
- Reconhecer a importância das instituições sociais para a manutenção da ordem social.

- Dê uma noção de globalização.
- Explicar o papel das empresas transnacionais na globalização económica.
- Evidenciar o aprofundamento das desigualdades sociais com a globalização económica.
- Relacionar a globalização cultural com a implementação das redes de comunicação e de transportes globais.
- Dar uma noção de “aldeia global”.
- Explicar em que consiste o processo de aculturação.
- Explicar em que consiste o processo de assimilação.
- Explicar em que consiste o processo de coabitação cultural.
- Reconhecer as diferentes consequências dos processos de globalização na padronização do consumo.
- Distinguir modo de vida de estilo de vida.
- Dar exemplos de novos estilos de vida.
- Reconhecer novos estilos de vida familiares.
- Relacionar riscos com estilos de vida.
- Reconhecer grupos sociais específicos com comportamentos designados de comportamentos de risco.
- Dar uma noção de desenvolvimento sustentável.
- Relacionar o desenvolvimento sustentável com novos estilos de vida.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Esquema de análise do filme Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick

Prisão de Caxias, Portugal


O filme é perpassado pela violência em toda a sua extensão. Uma violência que se detecta desde o nível micro (intra-grupal) até ao nível mais macro (o das instituições do Estado e da polícia).


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Relatório do filme "Laranja Mecânica", de Stanley Kubrick, pela Daniela

Relatório sobre o filme “Laranja Mecânica”

  O filme retrata a vida de um jovem, Alexander De Large, que desde sempre se debateu com problemas de ultraviolência. Alex vive em Londres e tem um gosto especial pelas sinfonias de Beethoven.
  Penso que este filme foi importante e interessante na medida em que nos elucida melhor sobre os assuntos que tratamos nas aulas sobre as normas, interacções sociais, instituições e o comportamento desviante. Os pontos que eu destaco neste filme são:
·        Conflito com a norma – este jovem não se importa com as normas estabelecidas e está e constante tentativa de as quebrar. Este desvio das normas pode ser interpretado como uma forma mais fácil e rápida de alcançar os objectivos. Ele, conhecendo as regras sociais, adapta-as a si próprio de forma a que as possa transgredir sem consequências morais negativas para si e para os outros.
·        Comportamento desviante – este comportamento destaca-se em todas as acções executadas por Alex. Para a sociedade, que tem normas estabelecidas, este comportamento é tido como desvio pois quebra os padrões estabelecidos. Por isso, o desvio é a consequência das sanções aplicadas por esta mesma sociedade. No caso de Alex, devido a todos os actos malévolos que cometeu, acabou por ser preso.
·        Interacção no grupo – o grupo é um instrumento importante no que toca ao controlo social. O grupo de Alex apoiava-se mutuamente nas questões do crime e organizavam em conjunto as suas acções criminosas. Assim, quem transgredisse as regras estabelecidas pelo grupo seria sancionado.
·        Interacção na família – nas poucas vezes em que a família se inseria neste cenário não se parecia importar muito e até mesmo adoptar uma atitude conformista perante o comportamento do jovem. A família é o mais importante meio de socialização e por isso deve estabelecer normas e representar um exemplo a seguir.
·        Instituições que exercem controlo social – Alex vivia em perfeita anomia (ausência de normas) e isso poderá dever-se ao ambiente que o rodeava. Pelo que o filme retratou, Alex não vivia num sítio que se pudesse considerar estável. As condições não eram as melhores e não se verificou a existência de organismos que assegurassem melhor segurança.
·        Mecanismos de controlo social - Destaca-se Deltoid que era instrutor de Alex mas que não conseguiu surtir efeitos positivos no jovem.
·        Envolvimento do individuo nas instituições – Alex, como observamos no filme, não estava contente com as condições de vida a que estava sujeito na sociedade e por isso reagia, pois sentia-se frustrado nas suas expectativas, e isso trazia o sentimento de “anomia” social, originando conflitos e não-aceitação das referências actuais da sociedade.
·        Sociedade politica que há-de vir – Por fim Alex é sujeito à “Técnica Ludovico” como forte de ser liberto e mudar a sua forma de agir. Várias questões vão surgir em torno deste assunto pois pensasse que quem se submetesse a esta técnica, no futuro não iriam fazer escolhas conscientes, mas sim algo para que já se encontravam predeterminados.
 Daniela Teixeira, 12ºF nº8

domingo, 6 de fevereiro de 2011

A propósito das instituições

A instituição sefardita (judeus da Europa Ocidental) Avodat hesed, fundada em Amesterdão em meados do século XVII é um dos exemplos de uma associação formada para fins filantrópicos (como tantas outras no âmbito de uma sociedade religiosa), mais concretamente, a sua criação visava a prática da caridade para com os judeus pobres recentemente imigrados da Europa Oriental - judeus Asquenazins. Podemos entender o aparecimento desta instituição como uma forma de controlo social dos Sefarditas, primeiramente instalados na Holanda, sobre os Asquenazins. As práticas individuais de caridade para com este último grupo de judeus, os quais mendigavam na rua aos olhos dos Holandeses, - para consternação dos Sefarditas - foram formalmente interditas por estes. A regulação destas práticas individuais num quadro colectivo dita o surgimento da instituição com objectivos filantrópicos. A instituição nasce assim de um consenso moral amplamente partilhado. As práticas aleatórias individuais provocam injustiças dentro do grupo dos Asquenazins, uma vez que uns obterão mais sucesso do que outros - não particularmente os mais necessitados -, mas, e sobretudo, essas práticas apenas concorrem para a alimentação do fenómeno da mendicidade e da indigência. Tal como o célebre ditado: «Não dês o peixe, mas ensina-o a pescar». O que somente pode ser realizado no quadro de uma instituição: a função educadora.

Atentemos num excerto do livro de Steven Nadler, sobre a vida de Espinosa (pp. 34-35):

«Apesar das disparidades culturais e sociais entre os dois grupos – os casamentos entre eles eram energicamente desaprovados – bem como o embaraço visível que os Asquenazins causavam aos sefarditas perante os Holandeses, os Portugueses eram financeiramente generosos para com estes empobrecidos Europeus do Centro e Leste. Após 1628, os deputados decidiram reservar um determinado montante, retirado da imposta, para ser distribuído pelos Asquenazins carenciados. Semelhante simpatia e generosidade, porém, não iria demorar muito. Os Portugueses depressa perderam a paciência com os seus vizinhos indigentes. Em 1632, ano do nascimento de Espinosa, foi aprovada a colocação de duas caixas para a recolha de esmolas destinadas aos Asquenazins, de «forma a evitar os inconvenientes e o alvoroço provocados por Asquenazins que mendigavam às portas». Em 1634, passou a ser proibida a caridade privada e punível a caridade individual para com os Judeus alemães, polacos ou lituanos. Continuou a existir algum apoio institucional – particularmente através da instituição Avodat hesed – mas somas consideráveis provenientes dos rendimentos da comunidade eram especificamente destinadas a «reenviar os nossos irmãos pobres» para os seus países de origem»

Podemos aqui observar explicitamente a hierarquia de estatutos entre os três grupos referenciados, bem como as práticas de discriminação de um grupo de judeus (já instalados) sobre um outro - os recém-chegados outsiders. No tempo de Espinosa. 
E contudo, não podemos olvidar os ganhos de equidade e de moralidade que a manutenção das instituições permitem relativamente aos indivíduos outsiders. Pois instituição é sinónimo de educação: uma socialização dentro da instituição. A sua finalidade é de proporcionar oportunidades colectivas a grupos mais vulneráveis.

Como então entender as reacções modernas de muitos adolescentes e jovens de hoje: de rejeição quase física das instituições? Fica aqui mais uma questão em aberto. Para reflectir. 

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Critérios de correcção

CRITÉRIOS DE CORRECÇÃO DA PROVA 3 DE SOCIOLOGIA

Grupo I

1.                  C.
2.                  D.
3.                  C.
4.                  A.
5.                  B.
6.                  D.
7.                  B.
8.                  C.
9.                  C
10.              D
11.              C
12.              D
13.              Na justificação da escolha na pergunta 6:
- se a resposta expuser que a juventude não é um agregado homogéneo de indivíduos que partilham valores comuns e que, para além disso não possuem aspirações ou objectivos necessariamente comuns, pelo que, o conceito não preenche os requisitos de grupo social (5 pontos); se a resposta contiver a ideia de que a juventude é uma denominação do senso comum, baseada num critério de identificação relativo à idade ou à aparência e que a mesma é relativa no espaço e no tempo (5 pontos).
14.              Na justificação da escolha na pergunta 8:
- se a resposta explicitar que o estatuto atribuído é independente do mérito ou esforço individual (5 pontos); se a resposta mostrar que as distinções físicas raciais e linguísticas não têm todas o mesmo estatuto, sendo algumas delas indicativas duma posição social inferior ou superior às características étnicas do grupo dominante (5 pontos).

Grupo II

1.                  Na resposta a esta questão, o aluno deverá ser capaz de:
- referir os requisitos necessários para a utilização do conceito de grupo social (5 pontos); e identificar os dois grupos sociais presentes no texto (5 pontos);
- salientar a oposição entre os valores da organização criminosa e os valores da Igreja, estes últimos largamente partilhados numa moral comum pelos membros da sociedade (5 pontos); e explicitando que os valores do grupo da organização criminosa são valores próprios de uma contra-cultura (5 pontos);
- referir as três teorias sociológicas do desvio social (10 pontos) e explicitar correctamente cada uma delas (30 pontos).

2.                  Na resposta a esta questão, o aluno deverá ser capaz de:
- enunciar o conceito de representação social (10 pontos); explicitar as funções e a emergência dos preconceitos e estereótipos enquanto dimensão simbólica do real (10 pontos); reconhecer a presença do estigma (reconhecimento negativo) nos imigrantes russos e ucranianos (10 pontos) e a influência dos media na divulgação desse estigma como modalidade de intrecção social(10 pontos);
- reconhecer a importância de conhecer as expectativas das populações imigrantes acerca das representações veiculadas sobre si próprios (10 pontos); relacionar a situação de desconhecimento do Outro com representações sociais negativas (10 pontos).

domingo, 23 de janeiro de 2011

Prova de avaliação, a terceira

                          OBJECTIVOS PARA A 3ª PROVA DE AVALIAÇÃO

- Explicar em que consistem as representações sociais.
- Explicar os processos de elaboração das representações sociais.
- Reconhecer estereótipos.
- Distinguir símbolo de estigma.
- Referir as funções dos preconceitos.
- Identificar interacções sociais.
- Associar o conceito de interacção social com o conceito de acção social de Weber.
- Reconhecer que a Sociologia tem por objecto as interacções sociais e não os indivíduos.
- Caracterizar um grupo social.
- Reconhecer uma tipologia de grupos sociais.
- Distinguir grupos primários de grupos secundários.
- Reconhecer a articulação entre estatuto e papel social.
- Explicitar os atributos objectivos que estão na base da existência de estatutos sociais.
- Relacionar os estatutos sociais com a distribuição hierárquica dos membros de uma sociedade.
- Distinguir entre estatuto atribuído e estatuto adquirido.
- Identificar papéis e estatutos em diversas interacções.
- Reconhecer a multiplicidade de papéis e estatutos de cada indivíduo.
- Reconhecer a influência do estatuto numa interacção social.
- Identificar situações de conflito de estatutos.
- Reconhecer as diferentes capacidades dos indivíduos na interpretação dos diferentes papéis sociais.
- Relacionar papel e estatuto social com a especificidade do grupo e não do indivíduo.
- Explicar a importância estratégica que cada vez mais os diferentes grupos sociais atribuem a uma redefinição dos papéis sociais.
- Explicar a teoria da desorganização social baseada na anomia durkheimiana.
- Apontar críticas à teoria da desorganização social.
- Explicar a teoria interaccionista da “rotulagem” associando-a à qualificação do acto desviante e não ao acto transgressor em si.
- Reconhecer a influência do grupo na teoria da “etiquetagem”.

A lição


Tudo tem uma moral: é só encontrá-la.

A frase é de Lewis Carrol (matemático e romancista inglês), o criador de Alice no País das Maravilhas e também Alice através do Espelho.

Humpty Dumpy, em Alice através do Espelho, mantém esta troca de palavras com Alice:

«Quando emprego uma palavra, diz Humpty Dumpy com um ar de desdém, ela significa precisamente o que eu decido que ela significa, nem mais nem menos. – A questão que se coloca, diz Alice, é de saber se vós podeis não estareis a exprimir-vos por palavras relativamente a coisas diferentes. A questão é, diz Humpty Dumpy: quem é o senhor? É tudo.»

Cerca de 1 século mais tarde, em 1963, escrevia Howard Becker (não um matemático, mas um pianista amador de Jazz e sociólogo americano) em Outsiders:

«As normas são o produto da iniciativa de certos indivíduos, e podemos considerar aqueles que tomam essa iniciativa como os empreendedores de moral. Dois tipos de empreendedores reterão a nossa atenção: aqueles que criam as normas e aqueles que as fazem aplicar» (pag. 171, trad. a partir da tradução francesa, 1985).

Onde podemos descobrir actualmente aqueles que têm o poder de nos dar estas lições? Fica aqui esta pergunta.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Achegas sobre as interacções sociais

As interacções sociais não correspondem a actos isolados dos indivíduos. Mesmo quando esses actos detém um significado muito grande para os próprios. De resto, o termo de social está lá para nos relembrar que este tipo de interacções nos dá conta de que elas possuem um grau de organização apreciável. Daí que elas possuam um sentido e uma finalidade específica. Participar numa interacção social exige, deste modo, uma prévia socialização. Apenas um eu socializado poderá apresentar um «conjunto de atitudes organizadas pelas quais o indivíduo reconhece as expectativas dos outros e as consequências das suas acções» (Ferreira et al, Sociologia: 300). É assim que George Herbert Mead lança as bases de uma teoria das interacções sociais, a qual é uma das mais importantes em Sociologia. Nisto ele retoma o conceito de acção social de Weber, pelo qual a referência última dos nossos comportamentos quotidianos reside nas expectativas recíprocas que são do domínio do senso comum e nas finalidades da acção. O eu socializado que está pronto para poder participar nas mais variadas interacções sociais quotidianas torna-se por via disso um actor social capaz de realizar actos sociais.