quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Relatório do filme "Laranja Mecânica", de Stanley Kubrick, pela Daniela

Relatório sobre o filme “Laranja Mecânica”

  O filme retrata a vida de um jovem, Alexander De Large, que desde sempre se debateu com problemas de ultraviolência. Alex vive em Londres e tem um gosto especial pelas sinfonias de Beethoven.
  Penso que este filme foi importante e interessante na medida em que nos elucida melhor sobre os assuntos que tratamos nas aulas sobre as normas, interacções sociais, instituições e o comportamento desviante. Os pontos que eu destaco neste filme são:
·        Conflito com a norma – este jovem não se importa com as normas estabelecidas e está e constante tentativa de as quebrar. Este desvio das normas pode ser interpretado como uma forma mais fácil e rápida de alcançar os objectivos. Ele, conhecendo as regras sociais, adapta-as a si próprio de forma a que as possa transgredir sem consequências morais negativas para si e para os outros.
·        Comportamento desviante – este comportamento destaca-se em todas as acções executadas por Alex. Para a sociedade, que tem normas estabelecidas, este comportamento é tido como desvio pois quebra os padrões estabelecidos. Por isso, o desvio é a consequência das sanções aplicadas por esta mesma sociedade. No caso de Alex, devido a todos os actos malévolos que cometeu, acabou por ser preso.
·        Interacção no grupo – o grupo é um instrumento importante no que toca ao controlo social. O grupo de Alex apoiava-se mutuamente nas questões do crime e organizavam em conjunto as suas acções criminosas. Assim, quem transgredisse as regras estabelecidas pelo grupo seria sancionado.
·        Interacção na família – nas poucas vezes em que a família se inseria neste cenário não se parecia importar muito e até mesmo adoptar uma atitude conformista perante o comportamento do jovem. A família é o mais importante meio de socialização e por isso deve estabelecer normas e representar um exemplo a seguir.
·        Instituições que exercem controlo social – Alex vivia em perfeita anomia (ausência de normas) e isso poderá dever-se ao ambiente que o rodeava. Pelo que o filme retratou, Alex não vivia num sítio que se pudesse considerar estável. As condições não eram as melhores e não se verificou a existência de organismos que assegurassem melhor segurança.
·        Mecanismos de controlo social - Destaca-se Deltoid que era instrutor de Alex mas que não conseguiu surtir efeitos positivos no jovem.
·        Envolvimento do individuo nas instituições – Alex, como observamos no filme, não estava contente com as condições de vida a que estava sujeito na sociedade e por isso reagia, pois sentia-se frustrado nas suas expectativas, e isso trazia o sentimento de “anomia” social, originando conflitos e não-aceitação das referências actuais da sociedade.
·        Sociedade politica que há-de vir – Por fim Alex é sujeito à “Técnica Ludovico” como forte de ser liberto e mudar a sua forma de agir. Várias questões vão surgir em torno deste assunto pois pensasse que quem se submetesse a esta técnica, no futuro não iriam fazer escolhas conscientes, mas sim algo para que já se encontravam predeterminados.
 Daniela Teixeira, 12ºF nº8

domingo, 6 de fevereiro de 2011

A propósito das instituições

A instituição sefardita (judeus da Europa Ocidental) Avodat hesed, fundada em Amesterdão em meados do século XVII é um dos exemplos de uma associação formada para fins filantrópicos (como tantas outras no âmbito de uma sociedade religiosa), mais concretamente, a sua criação visava a prática da caridade para com os judeus pobres recentemente imigrados da Europa Oriental - judeus Asquenazins. Podemos entender o aparecimento desta instituição como uma forma de controlo social dos Sefarditas, primeiramente instalados na Holanda, sobre os Asquenazins. As práticas individuais de caridade para com este último grupo de judeus, os quais mendigavam na rua aos olhos dos Holandeses, - para consternação dos Sefarditas - foram formalmente interditas por estes. A regulação destas práticas individuais num quadro colectivo dita o surgimento da instituição com objectivos filantrópicos. A instituição nasce assim de um consenso moral amplamente partilhado. As práticas aleatórias individuais provocam injustiças dentro do grupo dos Asquenazins, uma vez que uns obterão mais sucesso do que outros - não particularmente os mais necessitados -, mas, e sobretudo, essas práticas apenas concorrem para a alimentação do fenómeno da mendicidade e da indigência. Tal como o célebre ditado: «Não dês o peixe, mas ensina-o a pescar». O que somente pode ser realizado no quadro de uma instituição: a função educadora.

Atentemos num excerto do livro de Steven Nadler, sobre a vida de Espinosa (pp. 34-35):

«Apesar das disparidades culturais e sociais entre os dois grupos – os casamentos entre eles eram energicamente desaprovados – bem como o embaraço visível que os Asquenazins causavam aos sefarditas perante os Holandeses, os Portugueses eram financeiramente generosos para com estes empobrecidos Europeus do Centro e Leste. Após 1628, os deputados decidiram reservar um determinado montante, retirado da imposta, para ser distribuído pelos Asquenazins carenciados. Semelhante simpatia e generosidade, porém, não iria demorar muito. Os Portugueses depressa perderam a paciência com os seus vizinhos indigentes. Em 1632, ano do nascimento de Espinosa, foi aprovada a colocação de duas caixas para a recolha de esmolas destinadas aos Asquenazins, de «forma a evitar os inconvenientes e o alvoroço provocados por Asquenazins que mendigavam às portas». Em 1634, passou a ser proibida a caridade privada e punível a caridade individual para com os Judeus alemães, polacos ou lituanos. Continuou a existir algum apoio institucional – particularmente através da instituição Avodat hesed – mas somas consideráveis provenientes dos rendimentos da comunidade eram especificamente destinadas a «reenviar os nossos irmãos pobres» para os seus países de origem»

Podemos aqui observar explicitamente a hierarquia de estatutos entre os três grupos referenciados, bem como as práticas de discriminação de um grupo de judeus (já instalados) sobre um outro - os recém-chegados outsiders. No tempo de Espinosa. 
E contudo, não podemos olvidar os ganhos de equidade e de moralidade que a manutenção das instituições permitem relativamente aos indivíduos outsiders. Pois instituição é sinónimo de educação: uma socialização dentro da instituição. A sua finalidade é de proporcionar oportunidades colectivas a grupos mais vulneráveis.

Como então entender as reacções modernas de muitos adolescentes e jovens de hoje: de rejeição quase física das instituições? Fica aqui mais uma questão em aberto. Para reflectir. 

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Critérios de correcção

CRITÉRIOS DE CORRECÇÃO DA PROVA 3 DE SOCIOLOGIA

Grupo I

1.                  C.
2.                  D.
3.                  C.
4.                  A.
5.                  B.
6.                  D.
7.                  B.
8.                  C.
9.                  C
10.              D
11.              C
12.              D
13.              Na justificação da escolha na pergunta 6:
- se a resposta expuser que a juventude não é um agregado homogéneo de indivíduos que partilham valores comuns e que, para além disso não possuem aspirações ou objectivos necessariamente comuns, pelo que, o conceito não preenche os requisitos de grupo social (5 pontos); se a resposta contiver a ideia de que a juventude é uma denominação do senso comum, baseada num critério de identificação relativo à idade ou à aparência e que a mesma é relativa no espaço e no tempo (5 pontos).
14.              Na justificação da escolha na pergunta 8:
- se a resposta explicitar que o estatuto atribuído é independente do mérito ou esforço individual (5 pontos); se a resposta mostrar que as distinções físicas raciais e linguísticas não têm todas o mesmo estatuto, sendo algumas delas indicativas duma posição social inferior ou superior às características étnicas do grupo dominante (5 pontos).

Grupo II

1.                  Na resposta a esta questão, o aluno deverá ser capaz de:
- referir os requisitos necessários para a utilização do conceito de grupo social (5 pontos); e identificar os dois grupos sociais presentes no texto (5 pontos);
- salientar a oposição entre os valores da organização criminosa e os valores da Igreja, estes últimos largamente partilhados numa moral comum pelos membros da sociedade (5 pontos); e explicitando que os valores do grupo da organização criminosa são valores próprios de uma contra-cultura (5 pontos);
- referir as três teorias sociológicas do desvio social (10 pontos) e explicitar correctamente cada uma delas (30 pontos).

2.                  Na resposta a esta questão, o aluno deverá ser capaz de:
- enunciar o conceito de representação social (10 pontos); explicitar as funções e a emergência dos preconceitos e estereótipos enquanto dimensão simbólica do real (10 pontos); reconhecer a presença do estigma (reconhecimento negativo) nos imigrantes russos e ucranianos (10 pontos) e a influência dos media na divulgação desse estigma como modalidade de intrecção social(10 pontos);
- reconhecer a importância de conhecer as expectativas das populações imigrantes acerca das representações veiculadas sobre si próprios (10 pontos); relacionar a situação de desconhecimento do Outro com representações sociais negativas (10 pontos).