terça-feira, 2 de novembro de 2010

Comentário de uma aluna - Ainda a propósito das novas do doc: DOCUMENTÁRIO ”Le Bateau en Carton”

O realizador José Vieira durante cerca de 2 anos filmou e conviveu com o povo Roma (ciganos romenos), que descobriu em França num acampamento á beira de uma auto-estrada perto de Paris. A ideia inicial do realizador era apenas captar imagens sobre bairros de lata nos arredores das cidades, pois segundo ele estava num período de reflexão e queria reavivar as suas memórias de infância (uma vez que ele mesmo já tinha vivido num bairro de lata enquanto criança.)
Quando entrou em contacto com este povo depressa percebeu que eles haviam saído da Roménia, sua terra natal em busca uma vida melhor em França para poderem sustentar os seus filhos e mulheres. Sendo que no seu país de origem e sustento obtido mensalmente são cerca de 4 euros.
O título deste filme ilustra o que era feito com os ciganos em questão durante a época do holocausto. Os mesmos eram postos em barcos de cartão no mar negro acabando por morrer por afogamento com o objectivo de a sua etnia ser exterminada. Desde o dia que acabou por se integrar no quotidiano destas pessoas, José Vieira apercebeu-se do quão são marginalizadas estas são por todo o mundo (tendo a fama de serem feios, porcos e maus).
O objectivo do realizador é mostrar ao mundo que estas são pessoas comuns mas às quais não lhes foi dada uma oportunidade para poderem estabilizar as suas vidas. Neste documentário pode-se verificar as condições desumanas em que esta comunidade vive o que se manifesta pela forma como tomam banho (despejando garrafas de água na rua uns por cima dos outros, uma vez que não existem casas de banho), tratam a roupa (em baldes ou alguidares e estendem-na ou nos campos ou nos ramos das arvores), cozinham (em fogueiras) e o facto de as crianças não frequentarem instituições de ensino ocupando o sei tempo a brincar na rua.
Pessoalmente o que mais me chocou e acho pertinente descrever é a forma como esta gente dorme. Fazem-no em barracões rudimentares feitos de restos de madeira e cobertos de plásticos e tapetes que encontram nos caixotes do lixo. É instalada posteriormente uma espécie de lareira que é feita por um bidão de metal onde é posto o carvão e feito um buraco no tecto que é uma espécie de chaminé composto por um tubo metálico para o fumo sair. Deitam-se sobre colchões no chão e em camas feitas de ripas de madeira. Relativamente á alimentação comem muito pão e enlatados, e sendo que o dinheiro mal chega para estes, raramente comem carne e quando o fazem cozinham-na na lareira. Vivem assim desta forma (quase) desumana, a respirar fumo e a passar frio no inverno.
Outro facto que considero chocante, é a forma animalesca como a polícia de intervenção os trata, praticamente como se fossem uns animais. Estão constantemente a ser expulsos dos acampamentos que encontram e as suas ditas casas estão constantemente a ser destruídas pelas máquinas que estes tanto temem, os bulldozers.

Durante as demolições das barracas esta gente demonstra um sofrimento abrupto pois destroem-lhes o pouco que têm. Reagindo cada um à sua maneira (uns gritam, outros cantam e alguns ainda se riem da própria miséria) mas conformarem-se e é com alguma naturalidade que procuram outro sitio para se instalarem.
Como é referido no documentário, os chefes de família raramente conseguem um trabalho e quando tal acontece acabam por fazê-lo em sítios ilegais e são muito mal pagos (o que não chega para sustentar as suas famílias uma vez que são constituídas por um vasto agregado familiar), o que leva a que a quase a totalidade desta comunidade sobreviva da mendicidade, desde homens a crianças todos têm que mendigar de forma a garantirem pelo menos o pão para o dia seguinte.
Postas as condições anteriormente mencionadas assumem estar melhor em França do que na Roménia pois dizem que em França acabam, por ter melhores condições de vida do que no seu próprio pais.
Este povo nómada passa literalmente a sua vida entre a Roménia, a França e outros países da Europa, como se pode constatar no documentário. Estes são expulsos, voltam à sua terra natal, (onde vivem completamente á parte da população romena não cigana) e passado alguns meses regressam novamente a França o que cria uma enorme instabilidade para as crianças e jovens.

Este documentário foi sem dúvida essencial para mostrar a toda a gente que os ciganos também são pessoas, apenas têm hábitos e valores muito diferentes dos nossos, o que muitas vezes origina problemas pois querem viver num país com melhores condições de vida mas não se mostram interessados em se integrar e respeitar as normas que se impõem a todas as pessoas, mas isso também não da o direito de o governo de um pais seja ele qual for de os maltratar.

Joana Carvalho nº14 12ºF

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